Mudança sentimental
Não, hoje não vou fazer um daqueles bonitos discursos cheios de lamechices e lágrimas.
Apetece-me correr, mas mal sinto as pernas, estou cansada... Então, descanso aqui debaixo desta árvore, entre todas estas magnificas flores. Observo tudo o que me rodeia. Ao sabor do vento, tudo parece mais rápido. Esta agitação é assombradiça. O vento choca com o meu pálido rosto; Um arrepio glacial ascende-se em mim... Está frio, muito frio! Olhando para cima, vejo o Sol; Está escondido entre os troncos da árvore, apenas a sua luz intensamente brilhante se apodera dos meus olhos. É um momento único, o Sol está finalmente a brilhar... mas longe, bem longe de mim. De qualquer forma, consigo agora avistá-lo. Não queria de modo algum perder de novo esta luz brilhante capaz de iluminar os constantes dias sombrios por que tenho passado, mas sei que mais cedo do que imagino, a escuridão voltará para me abater novamente... Não consigo perceber porque tal acontece... porque tenho de me sentir culpada por tudo? porquê que a culpa será sempre minha? Talvez porque me culpo demasiado? Sim, talvez; Consigo agora atingir tais conclusões. Não vale a pena continuar a chorar, a gritar, a lamentar-me por tudo o que me acontece, por tudo o que fiz e continuo a fazer de errado. Afinal, errar é humano, certo? Não matei ninguém, não roubei; Então, porque razão tenho eu de sentir que o mundo me caiu em cima, se apenas errei?... que eu saiba, ainda temos o direito de errar! E por muitos erros que eu cometa, por muitos arrependimentos, por muitos incidentes, nada pode ser suficientemente mau para me pôr no desgraçado estado melancólico em que me costumo encontrar. Para mim chega, fartei-me. Fartei de me sentir culpada por tudo o que acontece de mal, fartei-me de chorar por pessoas que de mim não merecem nada, fartei de me queixar da miserável vida que levava devido ás asneiras que fazia (e que continuo a fazer). Agora cansei-me! A minha paciência esgotou. Há de facto, quem tenha a mania da perfeição, quem pense que é superior a todos, e que tem capacidade para julgar quem quer que seja. Mas não passa disso, de uma mania. Pois na verdade, ninguem é perfeito o suficiente para não errar, nem ninguem é perfeito o suficiente para poder julgar o que está certo ou errado. Na realidade, todos erram pois ao contrário do que muita gente pensa, a perfeição está longe de existir. Portanto, ninguém pode ter a capacidade de continuar a deitar-me abaixo, mandando bocas estúpidas, que me atingem fortemente.
Mas agora... agora não. Não há medos que me consigam derrubar tão facilmente como no passado, não há ninguém que me impeça de voltar a sorrir, de voltar a viver.