sábado, 22 de novembro de 2008

Afastamento do que não sou

Afastamento do que não sou

Basta! Não quero continuar a ser uma pessoa que não sou. Agora chega!
Estou farta! Estou farta destes sorrisinhos de merda, destas supostas palavrinhas doces, e destes sentimentos não sentidos. Estou farta de olhares fingidos, de gargalhadas que no fundo não contêm felicidade, mas sim humedecidas lágrimas proporcionadas por desconfiança-e-medo, os tais sentimentos que desde sempre me preseguem, e dos quais procuro fugir! Repito para comigo mesma que quero e vou mudar; quero ser eu, unicamente isso. Perco-me na profundidade de razões que me cansam este eu, este falso eu. Não quero mais balbuciar palavras que na verdade não sinto. Não quero mais esconder de mim mesma, a realidade em que vivo, nem a minha realidade perante os outros. Não mais.
Agora sei que fingir ser algo que não sou, trás-me tudo menos felicidade. Agora sei que sozinha ou acompanhada, apenas serei feliz sendo verdadeira não só com os outros mas acima de tudo comigo mesma...
É só isso que quero, dar vida ao meu verdadeiro eu.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Tua Amizade

A Tua Amizade

Não compreendo como é que podemos deixar que isto aconteça, Algodona Doce!
Não é apenas de acontecimentos recentes a que me refiro, mas desde sempre… desde aquele dia perfeito em que inaugurámos entre nós a palavra amizade!
A verdade é que, por muitos momentos inesquecíveis que possamos ter passado, por muitas gargalhadas partilhadas, lágrimas que mutuamente tentámos secar, depois de todos essas circunstâncias, há algo de errado, minha querida! Há algo que nunca percebi e que nunca hei-de perceber! Lembras-te de todo aquele tempo em que praticamente nos deixámos de falar? Aquele tempo em que estupidamente falando, teríamos morrido uma para a outra? Pois bem, depois disso, começámos a conviver novamente e todos os nossos conflitos sem razão de ser deixaram de existir… e se pensares bem irás concordar comigo! Pensei então que esses conflitos fizessem parte do passado, e por bastante tempo, fizeram! Pensei que esses contratempos “fizessem parte”, pois estávamos ainda a conhecer-nos, pensei que fosse por na altura em que ainda ditas “crianças”, não sabíamos dar valor a uma verdadeira amizade… mas enganei-me! Infelizmente, esses conflitos estão de volta, e eu não entendo o porquê disso! Agora já não! Ambas crescemos e sabemos valorizar o que é realmente importante, sabemos não desperdiçar e aproveitar tudo o que a vida tem de bom para nos dar, menos isto… Não compreendo qual o prazer de nos chatearmos desta forma! E não, não me digas que são apenas brincadeiras, porque ambas sentimos que não são! Não é chatear no verdadeiro sentido da palavra, isso não; mas evitamo-nos, ignoramo-nos, eu sei que sim! Não queria de forma alguma que as tais brincadeiras se transformassem em algo mais grave que arruíne a nossa amizade, isso não por favor! Adoro-te demais para permitir que a nossa amizade volte a escassear. Não me quero lembrar do frágil fio que há tempos nos unia. Nós reforçámos esse fio, tornámo-lo em algo muito mais forte e duradouro. Lembraste?
E sei, eu sei que tal como eu, não queres de forma alguma que tudo volte atrás, que tudo volte a ser como dantes.
Não estou a dizer que a culpa é tua, nada disso. Só quero que percebas o que sinto e o que está a acontecer, para que daqui a uns tempos não seja tarde demais. Queria também perceber o verdadeiro motivo que nos leva a fazer a isto; que nos leva a atirar bocas, a arreliarmo-nos sem necessidade para tal. Queria puder meter um ponto final nesse aspecto para que pudéssemos novamente voltar ao que éramos nestes últimos tempos, antes disto ter voltado a acontecer! Eu adoro-te, mais do que por vezes possas pensar! Adoro-te e quero preservar a nossa amizade por muito, muito mais tempo!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Tempestade de Sentimentos

Tempestade de sentimentos


Eu estava lá! Anotei todos os minunciosos promenores que me torturaram o cérebro, que me cegaram a vista. Chegaste à hora certa, tal como haviamos combinado! Eram 4 horas da manhã e tu entraste... abriste silenciosamente o cadeado das correntes que fechavam aquele portão sinistro; entraste e, rompendo toda a escuridão da noite, dirigiste-te para o baloiço!
O luar iluminava o pequeno parque, as estrelas brilhavam mais que nunca, e tu eras a mais luminosa de todas elas.
Estava frio, o vento soprava forte. Escondida atrás do arbusto, observei-te até ao último segundo; baloiçavas lentamente naquele que um dia poderia ter sido o nosso baloiço, que algum dia poderia ter sido marcado por um nós.
Sopravas de anciedade, estavas aparentemente preocupado... ninguém no seu perfeito juízo mandar-te-ía um bilhete para estares num sítio tão deserto àquelas horas da noite! Por outro lado, ninguém no seu perfeito juízo iria a tal sítio sem saber com quem estava a lidar, mas tu foste!
De repente, o irritante som rouco das correntes dos baloiços, deixou de se ouvir; meteste-te de pé e esfregaste as mãos. Vagueaste de um lado para o outro á espera de algo que nem tu sabias bem o que era.
E eu estava ironicamente feliz... num lugar tão só, estavamos apenas tu e eu. Apenas eu podia apoderar-me de ti, apenas eu podia deliciar-me com a tua incansável e perfeita beleza! Só e apenas eu!
Senti-me a escorregar... começou a chover e eu nem dei conta... O chão ficou escorregadio e lamacento. Apreciei cada gota de água que, vinda do céu, deslizava no teu lindo rosto, desde a ponta dos teus cabelos, seguindo-se pelos teus olhos cintilantes, até chegarem aos teus lábios, onde se desvaneciam perdidamente.
Depois de tamanha espera, preparaste-te para ir embora até que uma voz fria e aguda gritou o teu nome desesperadamente! Decidiste então esperar e observar a tremenda loucura diante os teus olhos.
Foi então que demasiado angustiada, saí de trás do arbusto e, a chorar caminhei até ti; estavas assustado ao assistir ao vivo à estupidez doentia de alguém que para ti não existe. Perguntaste-me o meu nome, lembras-te? Como era doce a tua voz!
O meu nome não importava, agora já de nada servia.
Senti que estavas furioso, pois na verdade não gostas de ser enganado. Propus-te que agora no meio desta roleta de perfeitos momentos, trocássemos profundamente de personalidade aqui sob esta chuva de emoções, sob cada sentimento escorregadio e molhado que nos absorve. Então, por momentos eu transformar-me-ia em ti, e tu saborearias o quão tortuoso e sufocante pesadelo que é viver aqui, debaixo da minha pele, a sofrer por alguém, um alguém que és tu! Seria perfeito, não concordas meu bem? Mas sendo já eu o verdadeiro tu, a verdadeira pessoa que se encontra para lá dessa perfeita máscara, sendo eu esse alguém frio e sem amor à vida, mutilo-me... não a mim, mas ao ser em que decidi transformar-me, Tu! Sentes a dor? Sentes cada corte nestes pulsos perfeitos? Sentes cada facada duradoura no teu meu coração? Sentes cada lágrima sangrenta que me abate dia após dia? É isso, meu amor. É mesmo essa a sensação de tortura com que me acorrentas a toda a superfície nula, imaginária a qualqer realidade! E eu, que te roubei então a frieza continuo a gozar o doce sabor que é ter-te apartir de agora, eternamente nas minhas mãos.
Como é boa esta sensação de espíritos invertidos! Como é bom saber que, tal como me fizeste sofrer, estás a passar também por toda essa dor... mas aqui comigo; debaixo desta ensanguentada detonação de sentimentos, sensações e lágrimas... onde faço de ti prisioneiro de toda a maldade!
...E aparentemente o vento ficou mais fraco! A Chuva parou, e as correntes dos baloiços silenciaram-se definitivamente. Depois da tempestade, vem a tranquilidade... o sossego que teremos para sempre no céu, no inferno, ou em qualquer outro paraíso idealizado por nós, nesta noite em que ao som da desgraça, conseguiste perceber o mundo que realmente não conhecias, meu amor!

Não é amor, é ódio!