quarta-feira, 28 de maio de 2008

Oceano de interrogações

Caminho pela praia, descalça sobre a areia molhada.
A água está muito fria; pequenas ondas rebentam aqui, perto de mim, cobrindo-me os pés. Este cheiro a maresia, lembra-me o teu perfume que esbarra contra mim, naqueles curtíssimos segundos em que sinto a tua presença... Um perfume que nunca mais voltarei a sentir.
Aqui parada, penso em tudo; Todas as mais diversas sensações e pensamentos, me ocorrem, contribuindo para a lagoa de confunsões em que se tornou a minha vida... Uma lagoa que se alastra, tranformando-se já quase num oceano... este incrível mar, cuja água colide contra os meus pés... As minhas pegadas na areia, são apagadas pelas ondas que sobre elas passam; Não seria mais fácil que a água do mar apagasse tambem as profundas pegadas, presentes na minha alma?
E este nevoeiro... este nevoeiro que me impede de ver o quer que seja, física e psicológicamentalmente. Um nevoeiro cerrado, um nevoeiro demasiado intenso, que esconde de mim tudo o que queria alcançar. Já nem vejo os meus pés, nem o mar, nem a areia, nada. Ando agora algures, sem saber onde, nem porquê... novamente perdida num nevoeiro sombrio, acompanhada de um arrepiante múrmurio entre as numerosas gotículas de água que esbarram com a areia, a areia que debaixo dos meus pés se dispersa de forma muito subtil; quase não a sinto. Porque na verdade, eu não sinto nada, deixei de sentir em todos os pontos de vista.

sábado, 24 de maio de 2008

O Eco da minha voz

Estou a ouvir o meu eco.
Ganhei força e consegui finalmente gritar! Um grito silencioso que não pára de ecoar em torno de mim. Ouço a minha voz, num longo e indeterminado período de tempo... Ouço-a e volto a ouvir, dentro da minha cabeça, dentro da minha alma, dentro de mim. Agora o vazio foi substituido por um grito contínuo que se repete infinitivamente.
O silêncio que se fazia sentir era mortal, mas agora gritei; Gritei e o eco da minha raiva fez-se sentir em torno de mim.
É tudo tão estranho, tão abstracto, tão dificíl de perceber.
Talvez partir para outra galáxia não fosse de todo, mal pensado. Viajar pelo universo, pelo que nunca tivera sido alcançado; Viver num mundo só meu, longe de tudo, de todos; longe de todos estes problemas e complicações que surgem mas que não tem fim. Um fim... Estarei eu longe de chegar ao fim de tudo isto?! Sei que tudo tem uma solução, uma alternativa, mas situo-me agora naquele maravilhoso labirinto que interrogações, em que me pergunto "onde está essa solução?"... Como é possível que uma resposta tão óbvia esteja tão oculta aos meus olhos? Estou dentro de uma gigantesca paranóia; É como um furacão que se apudera da minha mente. Vozes inconcebíveis giram à minha volta, perturbando-me o pensamento... Vozes, rostos que me acordam quando fecho os olhos, que se riem quando eu caio. E cá dentro, não consigo parar de ouvir, de ver tudo isto... Um abismo de longo percurso, sem regresso; Um abismo, em que a minha voz continua a ecoar, atravessando a algazarra silenciosa deste estupido e medíocre mundo desvanecido, onde tudo está longe de ser perfeito.
Obscura melancolia sem possível caracterização.

domingo, 18 de maio de 2008

A cair novamente...

O teu olhar...
És um anjo? Ou um Demónio?
Não critíco ninguem, mas não consigo deixar de dizer isto: És Perfeito.
O frio desaparece, e um calor inconfundível surge dentro de mim quando te vejo, quando sinto a tua presença... O teu ar angelical, o teu rosto encantador, o teu sorriso fascinante... Oh Meu Deus! Porquê que algo tão divino tem de ser [para mim] impossível de atingir?
Voo alto demais, e quando dou por mim, estou caída no chão sem protecção, sem nada. Caio e volto a cair, sem dó nem piedade... mas sonhar não custa, o mais difícil é acordar! Choro, sim choro e não consigo parar! Choro por ti? Choro por não te ter! E agora... descobri que os anjos existem e não tenho o poder de te conquistar, meu anjo! Olho pela janela do meu quarto; As estrelas brilham, brilham como os teus olhos... será que querem ser tão magníficas como tu? Parece-me difícil... O tempo passa a correr. Os dias são horas, as horas são minutos... e não penso senão no facto de nunca mais te voltar a ver, falta tão pouco para ... para olhar para ti pela ultima vez! Não quero pensar, não consigo.
Uma nuvem irá cobrir o teu brilho... deixarei de ver os teus olhos brilhar, deixarei de te ver... e agora será para sempre. O frio volta, o medo recomeça, o sofrimento continua! Tento esquecer-te, não consigo... Estás presente demais na minha memória. Quero deixar de «sonhar» contigo, mas estes pesadelos inquietam-me, deixam-me louca. Já não sei o que pensar! Quero afogar-me na minha estupidez, na minha estupida vida, nos meus estupidos pesadelos! Quero deixar tudo, quero morrer; Estou farta!

Quero-te.

sábado, 17 de maio de 2008

____________________Suspiros

Suspiro por ti...
Estás tão longe, tão distante.
Este frio que é cada vez maior, aumenta com o facto de não te ter, e de saber que nunca te terei. Vejo-te por um segundo, como um flash que tudo ilumina durante momentos demasiado pequenos, mas que no meu coração permanecem tempo indefinido. Sonho com o impossível, devaneios idealizádos surgem no meu coração... mas é impossível; É impossivel alcançar-te, é impossível conseguir-te... É impossível ter-te! Sinto-te em tudo o que ouço, em tudo o que vejo, em tudo o que quero... pois eu não quero mais nada, não quero mais ninguem, quero-te exclusivamente a ti. Pior que ser uma Ilusão, é transformar-se em Desilusão... Gostava de ter forças para lutar pelo que quero, por ti... mas para quê? Para quê iludir-me se sei que não passa de uma fantasia? Mas dói... dói por dentro o facto de não puder fazer nada, dói ver-te passar e saber que nem sabes que existo, dói olhar para ti e tu não me veres, pensar em ti dói-me o coração. Mas tambem dói não saber o que é isto que sinto, não conseguir definir, não conseguir explicar... é estranho. Continuo a suspirar de angustia, de solidão, de tristeza... da tua ausência, de não te ter! Quero-te agora, aqui comigo!
Quero livrar-me disto, quero fugir de tudo, quero entrar na realidade de um dos meus pesadelos... correr, fugir sem parar e não encontrar o caminho de volta... assim não teria de enfrentar tudo novamente, não teria de enfrentar o impossível, a realidade... não quero continuar assim, não quero nem posso, pois ao faze-lo continuo a despedaçar o meu próprio coração. Mas então? O que faço?
Não consigo esquecer, mas tambem não consigo deixar de pensar, pensar em ti... Quero esquecer momentos, quero esqecer pessoas, esquecer quem sou, esquecer tudo, esquecer todos... Eu quero deixar esta estupida rotina que me persegue. Para quê tudo isto? Todos os dias passamos pela mesma coisa, dia após dia, desgastando-me, sofrendo... cada dia estou mais fraca, com menos vontade de viver e de dizer Sim ao quer que seja... estou farta e não posso fazer nada para mudar.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Tempestade Emocional



O céu está cinzento.
Caminho pela rua, uma estrada sem fim, ninguem me vê.
Começou a chover; o céu está a chorar e eu choro com ele... Corro à procura de abrigo, e nada alcanço. Não consigo sair daqui, corro no mesmo sitio, não avanço... agora todos os pensamentos se contrariam: primeiro avanço sem dar por isso, depois quero prosseguir e estou presa; Não compreendo! Chove intensamente, continuo a correr sem sair do mesmo sítio, estou encharcada! Peço ajuda mas ninguem me ouve. Estou a enterrar-me na lama... terras levadiças puxam-me para baixo, para baixo desta superficie; Estou a perder-me. Grito por ajuda, mas ninguem me liga, ninguem me vê, ninguem me ouve! Não consigo sair daqui, não consigo! O medo continua a preseguir-me. Continuo a ser puxada, para baixo... ou talvez empurrada, empurrada por alguma coisa, ou, empurrada por alguem como no meu interior... Forças superiores a mim, ao meu ser! Consigo fugir àquela força que contrariava a minha vontade, mas sei que mais tar ou mais cedo, irei ficar novamente subterrada, presa, parada. Gostava de conseguir fugir para sempre a todos estes contra-tempos que me derrotam, mas não posso, pois estes perseguem-me onde quer que eu vá! Continuo a correr, a tentar fugir, e consigo chegar até aqui, aqui neste canto vazio. Estou cansada de fugir; Uma tempestade emocional corre-me nas veias, uma tempstade de lágrimas, um vendaval de trémulas sensações inconstantes que me desfaz... Não suporto esta ideia tormentosa. Tenho tanto medo, sinto-me como uma nuvem que derrama lágrimas continuamente... uma nuvem, uma tempestade! Uma tempetade que teima em não desaparecer, mas sim a perdurar. Gostava de ver o sol brilhar depois de toda esta escuridão, mas essa luz está tão longe, tão distante de mim ... A tempestade continua aqui, dentro de mim. Estou sem forças, não consigo combate-la.
Tento explicar a mim própria o que sinto, mas nem eu sei... Estarei a delirar? Talvez não, pois louca já eu estou.

domingo, 11 de maio de 2008

__________O Som do Silêncio...

Está escuro, não há nada, não há ninguem.
O Silêncio grita-me aos ouvidos de uma forma encurcedora e constante... Esta soada perturba-me o cérebro, não consigo pensar.
Estarei a sonhar? Fecho os olhos por breves instantes... e vejo lá no fundo, sombras dispersas e fantasmas inexistentes na realidade, mas mais do que reais na minha alma... Mas os meus sonhos não passam de meras fantasias abstractas e incompreendidas que eu própria tento desvendar... tão abstractas, tão abismáveis! Já não sei sonhar; Já não consigo sonhar. Para quê sonhar, se nada do que sonho se tornará realidade? Talvez caiba-me a mim transformar essas fantasias em algo concreto... Mas não consigo. Deixei de sonhar a cores; Agora sonho num mundo a preto e branco, as únicas cores capazes de reflectir para o exterior, os meus pensamentos... sonho e volto a sonhar ... pesadelos sufocantes no meio deste intenso silêncio que não me deixa falar, que não me deixa gritar! Continua tão escuro, o amanhecer demora a surgir. Durante estes momentos, observo a lua... Por muito perturbador que seja o silêncio da noite, nada é tão bonito, nada é tão puro como este luar, a única fonte de luz no meio de toda esta escuridão! Caminho, mas pouco vejo. À minha frente tudo é incerto e duvidoso... Tenho medo. Tenho medo de voltar a errar, de me enganar, de pôr o pé no vazio e escorregar... tenho medo de cair. Só queria que este luar conseguisse ser mais profundo que a escuridão que me rodeia, e que pudesse iluminar a noite, iluminar este mundo desabitado, para que assim conseguisse ver, e tivesse menos hipóteses de cair neste vazio tão atormentador e silêncioso... o silêncio, o silêncio que a cada segundo que passa se torna mais difícil de ouvir, mais difícil de aceitar... A lua está a eclipsar-se, o luar está a desaparecer! A pouca luz que iluminava esta escuridão desapareceu e agora não consigo ver nada. Está frio e o meu corpo está a congelar, não o sinto. Apenas dou por mim, a andar... sinto os meus membros inferiores moverem-se como que por rotina, não os consigo controlar. Não os consigo parar. Estou sozinha, não me sinto, não vejo onde estou, não vejo nada. Tenho medo!
Entro em pânico sem dar por mim... este vão está a sufocar-me, mal consigo respirar. Sinto ao meu lado a presença de sombras frias, ventos que me queimam ao chocarem comigo, com este pedaço de gelo em que me tranformei.
Onde estou eu? Num deserto cujo silêncio é inquietante e onde o calor que me debilita é gelado?

Estarei eu frente-a-frente com o meu fim, ou será apenas mais um dos meus obscurecidos «sonhos»?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

A Verdade

A verdade? A Verdade é aquilo que todos tentam esconder, ou infelizmente, ignorar. A verdade é que estamos a destruir o mundo, a nossa vida, e a dos outros, com o facto do egoísmo que nos rodeia! O Homem é uma máquina em movimento com tamanho poder destruidor de bens não materiais, mas sim essenciais. O Homem não pensa no futuro nem nas próximas gerações; e porquê? Porque o egoísmo que se faz sentir é superior a tudo, superior a todos! Para quê tudo isto? Porquê fingir que isto é tudo muito bonito quando o sol brilha e os passarinhos cantam, se TODOS nós sabemos que isto não passa de um fingimento...? Para quê fingir? Nada é perfeito, e o Homem consegue imperfeiçoar tudo; consegue ignorar e dizer "não quero saber disso... os outros tambem não querem saber, pra quê que eu me hei-de importar?" ... Cobardia? Sim, é por cobardia! Porque pouca gente tem coragem de lutar pelos seus objectivos de vida, poucos conseguem dizer BASTA ao que está mal, poucos querem saber «dos outros»!
A maioria das pessoas, estão-se a cagar para o dito "lutar por um mundo melhor", as pessoas não querem saber, ignoram o que percebem, e evitam tentar perceber o que não lhes convém! Tudo isto não passa de um egoísmo colectivo da qual todos fazem parte... Ninguem se importa, ninguem quer saber... Deixam que tudo avance até à ultima consequência, até ao Fim! Até ao fim de quê, perguntam vocês... Até ao fim do mundo!
"Ele não se importa; eu tambem não!" ... É assim que se consegue atingir o pretendido? É assim que se pretende lutar pelos nossos objectivos...? Ver «os outros» destruindo o que tambem é nosso? Tanta ignorancia, tanto fingimento, mas para quê? Nada disto nos vai levar ao que queremos... bem pelo contrário! Não consigo suportar esta ideia de que o mundo se está a desmoronar em cima de nós, não consigo suportar a ideia de querer agir de forma a lutar contra isso, e ver que os outros não estão nem para aí virados... Despreocupados, ignorantes, egoístas e estupidos! Não consigo ver essas pessoas de outra maneira. Mas será que sou a unica a ver que isto não pode continuar assim? Ou serei eu que não estou bem e que digo disparates da boca para fora?? E depois, ainda me pedem para ter calma, e para não me revoltar... Então o que faço? Espero e desespero à espera da reacção de seres inconscientes que não querem ver a realidade, para quando o espéctaculo acabar puder bater palmas? Não consigo, assim como tambem não consigo ver a vida a escorregar-me entre as mãos... Não consigo, não posso e NÃO QUERO! Estou farta de tanta estupidez, estou farta de tanta ignorância!


«O pior cego é o que não quer ver!»

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Repleta de raiva

Outra vez, outra vez,
e outra vez... Tudo ao mesmo tempo, delirios e confusões, pensamentos incompreendidos, gestos despercebidos...
Já não sei de nada, nem quero saber... Para quê me preocupar? Não consigo mudar nada; a minha vontade de mudar não é suficiente para que eu própria o consiga fazer...
Quantas vezes terei de agir estupidamente, para conseguir aprender com esses mesmos erros, de forma a não os repetir? Eu erro, e volto a errar! Sou estupida e não me consigo emendar... Extraordinário! A minha imbecilidade é de tamanha grandeza para com todos, mas especialmente e acima de tudo, para com aquela pessoa, aquele amigo a quem chamo amigo com o maior orgulho do mundo! Interessante, de facto... Escusado seria dizer que ninguem mais do que ele, se preocupa comigo e me apoia. E eu... agradeço desta Linda forma... que bonito, não é? Tambem acho que sim, porque pra'lem de ser interessante, é tambem uma grande anormalidade da minha parte! Que paciência têm os outros de ter para aturar as birras de uma criança mimada como eu que apenas se sabe lamentar do triste mundo em que vive... Mas por muito que queira, eu não consigo mudar! Gostava tanto de ser diferente, de conseguir errar e aprender com esses erros... mas não... eu ainda faço pior! Eu destruio-me a mim e aos outros!
Estou cansada de todos os dias ouvir noticias deste miserável mundo em que vivemos, e tal como eu, das tristes pessoas que nele habitam, destruindo-o e despreocupando-se com os actos inconscientes mas mortíferos que fazem, falo como se por acaso, eu própria fosse diferente dessas míseras pessoas! Cada vez que olho à minha volta, é isto que vejo... estupidez, inconsciência, e imbecilidade, defeitos os quais que constam na minha maneira de ser!
Estou cansada de ouvir comentários de pessoas estupidas, estou cansada de que me olhem de lado, cansada de tudo, de todos, Odeio tudo o que me rodeia, tudo o que pra'lem de mim, me deixa neste estado melancólico e irritante!
Mas principalmente, estou cansada de mim, cansada de ser assim, e cansada de ter este feitio de merda.
... Estou cansada de viver assim!


[Momentos de delírio, Libelinha].