domingo, 27 de julho de 2008

Sensações

Sinto-me doida, ensandecida por completo.
É incompreensível esta forma de estar, de ser... Não me compreendo. Pensamentos soltos invadem-me a alma de uma só vez... Tudo é demasiado estranho, demasiado difícil de compreender! Cada vez mais apercebo-me do quanto é difícil sobreviver.

Diversas perspectivas atropelam-me o cérebro! Estou confusa, não sei o que pensar, não sei quem sou nem o quero. Já não sei de nada. Agora choro, e daqui a pouco, sorrisos misteriosos apoderam-se do meu rosto.
Não compreendo estas mudanças aberrantes! Mas de uma coisa estou mais que certa: ESTOU FARTA! Não aguento mais estes desatinos sem sentido algum que me deixam completamente desorientada.

...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Correntes finais

Acordei. Olhei para baixo, e vertigens esmagadoras apoderaram-se de mim.
À minha frente brilhava uma luz intensamente forte, era o Sol. Podia observá-lo através de uma janela com grades que se encontrava diante a mim. Através da janela, vi a altitude em que me encontrava; Eu estava perto das nuvens, lá em baixo tudo era pequeno e distante. De repente caio em mim! Olho para cima e vejo os meus braços a sangrar; Estava acorrentada pelos pulsos, dei por mim a oscilar lentamente. Entrei em pânico, lágrimas contínuas deslizavam pelo meu rosto. Não sabia o que fazer, era demasiado apavorante encontrar-me em tal situação.
Milhares de pensamentos obscuros percorreram o meu cérebro, questões indeterminadas apoderaram-se de mim.
Olhei em meu redor e reparei que estava escuro, muito escuro. Apenas a luz do Sol fazia com que eu me pudésse aperceber onde estava.
Era um compartimento estranho, reparei que tinha forma circular, e que eu me situava no centro... Um cenário arrepiante, do qual eu fazia parte. A sala estava vazia, obervavam-se apenas muitos insectos, correntes e pó, muito pó que me dificultava a respiração. Aquelas paredes em pedra, e os ruídos que delas surgiam, aterrorizavam-me.
Acorrentada sem puder escolher, sem conseguir pensar. O tempo estava a esgotar-se. Eu teria de arranjar uma forma de me libertar daquelas correntes que me aprisionavam os pulsos por de cima da minha cabeça... Mas era impossível conseguir tal coisa! Eu ficara cada vez com menos forças, os meus pulsos sangravam cada vez mais.
Gritava por ajuda, mas ninguem me socorria. A minha voz ecoava naquela sala, na minha cabeça! Não dei pela noção do tempo, mas passei horas indeterminadas a gritar socorro. Foram diversas vezes que, ali parada, inconscientemente de tudo, via o nascer do sol, sentia o anoitecer. Foram vários os dias de sofrimento, de espera, de pânico.
Mas o tempo era limitado, eu não era suficientemente forte para aguentar mais tempo o frio do anoitecer, a sede, a fome. A falta de forças, esgotou-me... aquela posição vertical permanentemente, a oscilação constante com o objectivo de alcançar o chão.... era demasiado insuportável.
Não sei o que aconteceu depois. Recordo-me apenas de estar caída naquele chão coberto de poeira, e rastejar até ao outro lado da sala. Lá estava um grande espelho no qual vi o estado em que me encontrava. Estava branca e os meus lábios roxos tremiam. O espelho reflectia um corpo mais além. Tentei aproximar-me rastejando mas parei a meio. Não tive forças para mais... E vi então que, ali no meio daquele compartimento, estava o meu corpo, imóvel. Estava pálido, extremamente esquelético. Aquele rosto desfigurado era meu, eu vi, eu senti. Era eu que estava ali deitada, quieta, rodeada de sangue sem me conseguir mexer. Aquele corpo era meu; eu estava morta. Foi então que, tentei gritar de desespero e assim apercebi-me que já não tinha voz.

Se aquele corpo era meu, então como era possível estar a vê-lo, estar eu própria a ver-me morta? Não consegui raciocinar. Avistei uma porta de ferro ao fundo da sala em que me encontrava... Tentei pôr-me de pé, mas mais uma vez: tentativa falhada.
Já não valia a pena tentar mais. O meu corpo já estava morto, a minha mente apavorada.
Para quê tentar alterar o destino?! Lentamente, o meu rosto aproximou-se do chão e a capacidade de viver ausentou-se. Senti o sangue parar de circular, senti-me fria como o gelo.
Deixei de respirar.

sábado, 12 de julho de 2008

Mudança sentimental

Não, hoje não vou fazer um daqueles bonitos discursos cheios de lamechices e lágrimas.

Apetece-me correr, mas mal sinto as pernas, estou cansada... Então, descanso aqui debaixo desta árvore, entre todas estas magnificas flores. Observo tudo o que me rodeia. Ao sabor do vento, tudo parece mais rápido. Esta agitação é assombradiça. O vento choca com o meu pálido rosto; Um arrepio glacial ascende-se em mim... Está frio, muito frio! Olhando para cima, vejo o Sol; Está escondido entre os troncos da árvore, apenas a sua luz intensamente brilhante se apodera dos meus olhos. É um momento único, o Sol está finalmente a brilhar... mas longe, bem longe de mim. De qualquer forma, consigo agora avistá-lo. Não queria de modo algum perder de novo esta luz brilhante capaz de iluminar os constantes dias sombrios por que tenho passado, mas sei que mais cedo do que imagino, a escuridão voltará para me abater novamente... Não consigo perceber porque tal acontece... porque tenho de me sentir culpada por tudo? porquê que a culpa será sempre minha? Talvez porque me culpo demasiado? Sim, talvez; Consigo agora atingir tais conclusões. Não vale a pena continuar a chorar, a gritar, a lamentar-me por tudo o que me acontece, por tudo o que fiz e continuo a fazer de errado. Afinal, errar é humano, certo? Não matei ninguém, não roubei; Então, porque razão tenho eu de sentir que o mundo me caiu em cima, se apenas errei?... que eu saiba, ainda temos o direito de errar! E por muitos erros que eu cometa, por muitos arrependimentos, por muitos incidentes, nada pode ser suficientemente mau para me pôr no desgraçado estado melancólico em que me costumo encontrar. Para mim chega, fartei-me. Fartei de me sentir culpada por tudo o que acontece de mal, fartei-me de chorar por pessoas que de mim não merecem nada, fartei de me queixar da miserável vida que levava devido ás asneiras que fazia (e que continuo a fazer). Agora cansei-me! A minha paciência esgotou. Há de facto, quem tenha a mania da perfeição, quem pense que é superior a todos, e que tem capacidade para julgar quem quer que seja. Mas não passa disso, de uma mania. Pois na verdade, ninguem é perfeito o suficiente para não errar, nem ninguem é perfeito o suficiente para poder julgar o que está certo ou errado. Na realidade, todos erram pois ao contrário do que muita gente pensa, a perfeição está longe de existir. Portanto, ninguém pode ter a capacidade de continuar a deitar-me abaixo, mandando bocas estúpidas, que me atingem fortemente.
Mas agora... agora não. Não há medos que me consigam derrubar tão facilmente como no passado, não há ninguém que me impeça de voltar a sorrir, de voltar a viver.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Desejo de Voar

Não sei o que ainda faço aqui... Não sei porque ainda cá estou.
Agora percebo que afinal a minha existência não passa em vão neste horripilante paraíso... Afinal a minha presença é sentida; A minha presença é perturbadora não só para alguns, mas sim para todos os que me rodeiam.
Quem me dera que o arrependimento matasse, já que a culpa ninguem me tira.
Eu sei, eu sei como desejavam que me evaporasse, de certeza que não o desejam mais que eu... Mas por muito que me doa tudo o que fiz, tudo o que faço, e por mais que eu queira acabar com a minha parte deste maldito jogo de regras ridículas, eu não consigo. Sou cobarde demais.
Por vezes, fico surpreendida com a minha própria idiotice! Quando tudo está mais calmo, entro eu em acção para estragar novamente a serenidade que se fazia sentir... Se não for comigo mesma, é com as pessoas de quem mais gosto, os poucos a quem ainda posso chamar amigos.
Que tristeza! O meu auto-controlo está a esvaecer-se segundo após segundo.
Não consigo orientar estas forças que me fazem esquecer a razão... Forças demasiado poderosas, demasiado incontroláveis capazes de destruir tudo aquilo que faz parte de mim. Mas quais forças... as forças do meu cérebro que age sem pensar? Oh, essas... estão mais acabadas que eu própria!, desfeitas como esta areia que escorrega entre os dedos; esta areia, estas partículas tão pequenas, mas com a capacidade de construir dunas, muralhas que me impedem de ver a realidade que se encontra lá ao longe, muito longe de mim; Longe de tudo o que existe, de tudo o que não existe...
Nestas alturas, tenho uma extrema necessidade de voar, voar sobre todos estes contra-tempos, fugir de todas estas confusões! Estou farta ... estou farta destes distúrbios que não me largam... Ou melhor, que eu não consigo largar! Preciso de asas, quero sentir, quero sorrir, quero viver, sem pensar nos problemas, nas agitações emocionais, nos arrependimentos constantes...
Só gostava de ter asas e saber voar...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Passado do verbo Viver

Estou aqui. Sim, aqui sentada neste lamacento chão, onde aguardo que me espezinhem.
E sabes o que faço enquanto isso? Estou a pensar na coisa mais estúpida que [te] consegui fazer. Tal como me disseste no outro dia, “Conheces-me, ou pelo menos eu julgava que tu me conhecias, tal e qual como eu te conhecia”… Não podias estar mais certa! Na verdade tu já não me conheces… eu própria não me reconheço, quanto mais tu… Tu que confiaste em mim, e depositaste em mim todo o carinho. Éramos as ditas “melhores amigas”; Tu que nunca pensaste que eu fosse assim, assim tão ordinária.
Hm, agora fiz-me rir a mim própria… Eu? Ordinária? Qual quê… Eu sou apenas uma estúpida “pessoa”, que tal como eu já to dissera, não merece nada!
Lembraste em tempos quando, no meio de todas as nossas brincadeiras, de todas as nossas parvoíces, eu te dizia que um dia iria acabar por te perder, por perder a tua amizade… lembraste disso? Lembraste também daquele momento em que eu estava destroçada, em que para não variar, tu me ajudaste, e eu dissera que a única coisa que sabia fazer, era afastar de mim as pessoas de quem gosto? … E agora, lembraste de teres dito que isso nunca iria acontecer entre nós? Pois é, o pior de tudo é que aconteceu. Eu mostrei-te ser uma pessoa que não era, nem sou… O monstro que sou hoje, estava disfarçado com pequenas nuvens que por vezes mostravam o sol, e era aí nesses momentos de céu aberto que conseguias ver parte do que verdadeiramente sou. E agora, os períodos de chuva, de céu nublado, desapareceram… Agora podes ver quem eu realmente sou, quem efectivamente escondi ser.
E o que me dizes tu? Oh, pois bem, que te desiludi, e razões não te faltam para o dizeres; Apoio-te incondicionalmente! E logo eu, que odeio pessoas mentirosas, cínicas… e agora eu própria sou assim, completamente repleta de cinismo. E por muito que me custe admitir, ambas sabemos que a verdade é essa. Não lamento que isto tenha acontecido, pois tens todo o direito de saber verdadeiramente quem são as pessoas que pensavas conhecer… E que agora desconheces totalmente. Podes pensar que é ironia minha dizer que te menti para o teu bem, porque não queria que sofresses; Mas agora aconteceu completamente o contrário. Descobriste da pior maneira quem eu era, a pessoa que já várias vezes te tentei mostrar que sou, mas à qual tu dizias "Rebaixaste demasiado, tu não és assim, Libelinha. Difamaste a ti própria…" Lembraste destas palavras? Que pensas agora delas? Não, Não é preciso que respondas… eu sei qual é
a resposta! Sei perfeitamente o quanto te menti, o quanto te decepcionei. Não vale a pena tentar aquela “quando estamos apaixonados, não pensamos”, pois como já aqui foi dito, para mim o amor não existe. Talvez o carinho por terceiros, se tenha tornado em completa estupidez da minha parte… Uma estupidez tremenda, que me atormentou a mim própria. A verdade é que eu deixei-me levar, por palavras meigas, por mentiras nas quais eu acreditei, não pensando na indecência que te estaria a fazer. É verdade, fui egoísta, pensei só em mim, e isso saiu-me caro… Com isso, perdi-te a ti, a pessoa que sem dúvida, mais me apoiou quando todos me viraram costas, a pessoa que esteve comigo sempre, e sempre… a pessoa da qual tive o maior prazer do mundo em chamar de melhor amiga, mas que infelizmente, já não o posso fazer, pois sei que o que fiz não se faz, e que nem merece perdão. Não te peço que me perdoes… Aliás, não tenho o direito de te pedir o quer que seja. E sei que agora, não acreditas sequer numa palavra vinda de mim, mas por favor, acredita que te adoro e que és demasiado importante para mim. A nossa amizade pode estar fechada por um Fim, que nunca mais terá possível continuação, mas por muito mal que eu te tenha feito, por muito que eu te tenha desapontado, a verdade é e sempre será esta, Tu és das melhores pessoas que pude conhecer!
Não te vou pedir desculpa pelo que aconteceu, porque como já te disse, sei que não há maneira de me perdoares.
Resta-me agradecer-te por toda tua bondade, por tudo o que por mim fizeste e que guardo comigo com muita ternura.

Adoro-te minha Gotinha de Água.