quarta-feira, 8 de julho de 2009

Obstáculos

Caminho nestes montes. Pedra após pedra. Já é tarde, a noite vazia olha-me friamente. Revoltada, a escuridão convida-me a entrar. Julgo ser um convite eterno, sem regresso. Um convite tão tentador!
Chego diante de um abismo. Penso estar a escassos centimetros do fim da rocha. Está muito escuro, é confuso. Mas consigo ver um vazio sem fim, e eu aqui no cimo com a sensação de que o chão está a ruir debaixo dos meus pés. Tento encontrar-me. Perco-me num labirinto de pensamentos, acompanhados por este som tão doce, tão triste, esta melodia mágica capaz de me hipnotizar, de me fazer perder a cabeça.
A minha mente está perdida, quase morta. Não quero que morra, que desapareça, não quero perder a restante capacidade de raciocínio... mas torna-se difícil, tão difícil.
Preciso de verter todas estás lágrimas que me afogam a alma. Não quero de todo destruir o meu espírito em lágrimas interiores que de nada me servem. Preciso de as derramar, de aliviar o meu cérebro. Preciso de respirar sem pausas, sentir o ar chegar aos pulmões, sentir o bater do meu coração. Preciso de sentir o mais básico, preciso de sentir que estou viva. Preciso acima de tudo de seguir em frente, construir a minha vida aqui em cima, e deixar para trás o chão que está a ruir mesmo por baixo de mim; deixar para trás o grande vazio que se encontra mesmo diante a mim, este enorme abismo. Eu, preciso de transformar estes impedimentos em algo útil, que me auxilie a dar a volta, a saltar por cima, a ser mais forte.
Eu preciso dessa força, para dizer não a esta noite vazia. Para dizer não a este amargoso soluçar da vida.

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